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Adquirir arma e ser CAC em 2024: vale a pena?

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Adquirir arma e ser CAC em 2024: vale a pena?

O ano era 2016 e ainda estava na presidência a Ilma. Dilma Rousseff. Minha paixão por armas começava bem antes, vinda do meu bisavô, ex-combatente, que passou essa paixão por gerações chegando em mim. Lembro do ano de 2016 pois a poucos meses eu teria feito 25 anos de idade, e no Brasil a aquisição de arma por um cidadão comum só pode ser feita a partir disso.

No coração um desejo antigo estava prestes a se realizar que era ter minha primeira arma como cidadão comum, e com todas as dificuldades da época em se obter qualquer informação relacionado ao assunto, consegui a duras penas conhecer, por foto, o recém lançado Revolver Taurus RT 817. Lembro do apego que tive ao ponto de batiza-lo “meu pequeno canhão de mão”, tinha orgulho pois era “cromado”, além do calibre .38 “especial”, e incrível capacidade de 7 disparos. O processo de aquisição dessa arma pelo SINARM (posse) foi duro, pois eram pouquíssimos despachantes, e tudo era feito presencialmente. Mas consegui, duramente, ter “meu pequeno canhão de mão”, qual guardo até hoje com muito carinho. Em outro momento, pra não alongar demais esse texto, eu conto o perrengue que foi o processo.

Nessa época contávamos nos dedos, de uma única mão, as lojas e clubes de tiro que existiam na região metropolitana do Recife. Eu brincava de dizer que o mercado “mundial” de armas e munições no Brasil se limitava a Taurus e CBC, e com um portfólio que não chegava à metade do que é hoje. Tinha uma tal de Boito, Rossi, Imbel que, bem de vez em quando a gente via… Glock, CZ, Sig Sauer, essas importadas de maneira geral, era uma espécie de lendas, que sabíamos da existência pois tinha uma revista na época chamada Magnum que por vezes publicava matéria sobre elas. Se você também tivesse a sorte de conhecer alguma pessoa do mundo do tiro muito abastado, talvez até pudesse realizar o sonho de tocar em uma lenda dessa.

O fato é que nesse tempo era tudo, muito, muito difícil! A começar pela escassez de oferta, tanto de produto quanto de empresas. Associado a isso existia uma espécie de “elitismo” que não era bacana para o mercado, que colocava pessoas que tinham armas e eram atiradores como se estivessem numa “casta superior”, e entrar nesse meio era muito complicado. Existia também um preconceito da sociedade gerado por uma imagem maculada e distorcida sobre as armas, e isso refletia em burocracia, onde tínhamos que atender além das exigências legais da época, exigências muitas vezes a mais que eram cobradas por quem analisava o processo. Tudo absurdamente demorado, meses e mais meses pra analisar uma simples autorização de compra por exemplo, de forma que o primeiro exercício no tiro era o da paciência. Por fim, isso tudo somado tinha seu preço. Além de difícil, demorado, era muito caro.

Quem viveu esse tempo e hoje se depara com SINARM 2 (sistema da Policia Federal) ou SisGCorp (sistema do Exército Brasileiro), quais praticamente dispensam sua ida até a delegacia ou quartel, parece que estamos vivendo um sonho. Eu sei que existem um monte de falhas ainda, e que as vezes parece que o sistema fica mais tempo fora do ar do que funcionando. Mas comparando com o passado, é fato, estamos muito melhor hoje! Tem muito pra melhorar ainda, mas estamos melhor.

Existe hoje até algo muito melhor que os sistemas. Por exemplo, se antes eu contava nos dedos de uma única mão quantas lojas e clubes existiam, agora, eu já não sei nem mais dizer quantas lojas e clubes estão abertos. São dezenas, espalhadas por todo o estado, e estou falando só de Pernambuco. Essa imensidão de oferta se tratando de armas e munições, pela primeira vez experimentada no Brasil, fez com que aquilo que antes era lenda se tornasse hoje uma realidade comum. A própria Taurus e CBC precisaram se reinventar pra atender esse novo mercado, e trouxeram um portfólio muito melhorado. Ter o prazer de chegar no clube hoje e poder falar, tocar, conhecer sobre tanta coisa que nos foi apresentada nesses últimos anos, é indescritível. A disseminação da informação em tantas revistas, sites especializados, redes sociais, é tanta fonte de conhecimento que parece não acabar mais. Graças a Deus!

É um fato também que em 2023 retrocedemos no aspecto dos calibres, voltando no passado no tocante aos calibres permitidos serem até o .38SPL pra revolver e .380ACP para pistolas…

Porém seria muito bom se lá em 2016, eu tivesse a oferta que existe hoje em 2024.Queria muito que 2016 tivesse uma loja do lado de casa, com Glock G25, CZ P07, Taurus TH380, PT 838, uma dezena de possibilidades de armas de calibres permitidos, importadas e nacionais…. Eu queria que 2016 existissem clubes preocupados com a infraestrutura, qualidade, e preço competitivo. Onde eu pudesse me dar o luxo de escolher o que tem mais cursos, o que promove eventos…. Eu queria muito que em 2016 eu conseguisse dentro de casa, pelo computador, tirar meu CR, por mais que demorasse, bem como resolver a maioria dos meus processos.

Então, respondendo a resposta do titulo se vale a pena ser CAC e adquirir armas em 2024, categoricamente respondo: VALE MUITO A PENA! Sim, existem as dificuldades que SEMPRE nos foram impostas, mas o CAC e/ou cidadão que possui arma é antes de mais nada um cumpridor de lei, e sempre foi e sempre será assim.

Então, se você está vendo esse artigo e está em dúvida: Vá no clube de tiro e se filie! Va na loja de arma e adquira a sua! Pra quem quer ser CAC os processos de emissão de CR voltaram a ser analisados e você pode com o CR em mãos adquirir até 4 armas de calibre permitido. Se você quer ter uma arma de posse a policia federal também voltou a emitir autorização de compra. Procure uma loja de arma que eles têm os despachantes que vão lhe ajudar no processo.

Emmanuel Moraes
Colunista CTTPE

Conheça o colunista:
Instrutor Credenciado IDSC, Instrutor Credenciado PF SR/PE, Oficial R/2 EB, Especialista Armas, Munições e Balística CESV, Atleta de IPSC.

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